sexta-feira, 30 de março de 2012

Aqui


"Aqui é um circo, é um palco. Aqui tem de tudo um pouco. Aqui eu jogo conversa, sento no palco, tomo um café pequeno, falo da vida, dos sonhos, do que já conquistei, do que ainda quero. Aqui ando de pés descalços, aqui descubro que o meu presente é o presente momento, que a felicidade está lá fora e está aqui dentro de mim também. Aqui eu conto a verdade, e subo no palco e sou aplaudida, faço estripulias e conto mentiras sinceras demais. Aqui é onde eu encontro com você quando quero.
Aqui é dentro de mim."

Frase

"É preciso ver o que a maré nos traz e deixar de imaginar o que pode existir no horizonte além mar."

quarta-feira, 28 de março de 2012

Confuso, não?


"_Ele é um bom escritor e sabe demais sobre o amor. Deve ser um péssimo amante."

"_Engraçado isso. De você achar que o fato dele saber demais sobre o amor significa que ele não seja um bom amante, porque o que buscamos a todo momento não é justamente o mesmo... saber mais? Então se soubéssemos mais, também nos tornaríamos péssimos amantes - se é que somos bons?

Confuso não?"

Frase


"Estamos aqui para mudar.
Nada de sermos os mesmo pela vida inteira, podemos perder a graça."

A única constante dessa vida são as inconstâncias dela mesma, já dizia Guimarães Rosa.



Em resposta a Postagem do Rafael Galvão no Bar Café

As águas de março...


As águas de março fecham o verão, enquanto eu fecho os olhos pra não sentir que o tempo passa. 

Mas que passe o tempo, ganho experiência, ganho gente no caminho, ganho caminho, ganho mais amor e mais carinho. 

São as águas de março que fecham o verão e agora eu abro os olhos pra ver que o tempo passa e eu ainda estou aqui, obrigada Senhor.

Frase

"O amor é algo confuso de lidar."

terça-feira, 27 de março de 2012

Não precisa ficar


"Não precisa ficar, te encontro depois. No meio do caminho, por acaso de novo, ou por arte e ironia do destino, seja lá como for, eu te encontro de novo. Já ouvi teu nome por aí, e conheço alguém que te conhece, seria de qualquer maneira uma fatalidade os nossos caminhos se cruzarem, seria só questão de tempo."

segunda-feira, 26 de março de 2012

Amor é isso

Ainda te escrevo no fim de cada noite, cartas que você não vai ler, ainda conto os dias com você, desde o começo - nunca parei - , nunca parei mesmo de pensar em você um só dia. Não há obrigação nenhuma nisso, não perco meus dias pensando e você, ganho. 

Se não posso estar perto, é certo que penso.

Não me peça pra esquecer, pra ir viver sem você, porque sem você eu já vivo - tem a distância, lembra? -, só não insista que eu agora viva sem a lembrança.

Esquecer não é um caminho seguro agora. Esquecer é insistir e pensar mais, não querer é insistir e querer mais, não poder é insistir em poder mais. 

"Só penso em você", e se isso é amor, que me perdoem os poetas de antes, amor é mais. É mais do que dois olhos que se encontram, é mais do que dois corpos que se abraçam, é mais do que duas bocas que se beijam, é mais do que coração acelerado, mãos suadas, trêmulas, nervosismos e afins, é isso também, mas é muito mais. 

São duas almas que se reencontram.

Você Mesmo

Não precisar estar e nem ter
Precisa ser, antes de tudo
Precisa querer ser antes de tudo e todos, você mesmo

Não precisa estar cansado o tempo todo
Nem ser quem não se quer o tempo inteiro
Precisa ser você primeiro, antes de tudo e de todos

O todo não é nada
Se o todo não é você
Você não é nada se só quiser ter, se não puder ser quem é

Seja antes de tudo
Esteja sempre seguro
Tenha sempre coragem de ser
Aquilo que é VOCÊ

sábado, 24 de março de 2012

Em suas mãos

"Estou no meio do espetáculo, protagonista da história da minha vida, escritora do meu próprio roteiro, com direito a direção e alterações finais feitas por Ele, que tem o poder maior. Espero que a sua vontade seja feita, está tudo entregue em suas mãos, Senhor." 

Dentro de um abraço

"Enquanto leio a primeira crônica do livro "Feliz Por Nada", lembro o nosso começo dentro de um abraço. Leio esse título no primeiro texto, rio e não faço muito esforço pra lembrar teus traços. E segundo Martha Medeiros, não há melhor lugar para se estar, para querer, para se começar algo senão num abraço - acho então que começamos bem. Tudo se resolve e se esquece dentro dele, muito se diz sem uma só palavra, e eu faço minhas as palavras dela, dentro de um abraço cabe muito mais do que saudades, carinho, afeto, compreensão, cabe tudo o que a gente precisar."  

17 de março de 2012

Lendo Gabito

Acho que tenho lido muito o Gabito e estou esperando demais das minhas idas a padaria para comprar pão e geléia de morango. Posso esbarrar num de seus personagens e algo me acontecer, quem sabe conhecer alguém no meio de uma chuva, alguém que adora músicas dos Beatles e que é fã do Woody Allen,, alguém que simplesmente coleciona vinis - sempre gostei deles - , ou alguém que eu queira dividir um café com chantilli. Acho que posso conhecer alguém que me desperte uma vontade absurda de conhecê-lo melhor no meu sofá-cama e que adore me contar mentiras.

Sei lá, vou viajando na trama do personagem como se pudesse tê-lo a qualquer momento diante de mim num piscar de olhos, são sempre tão convidativos e reais. Assim como o quase bom partido, que na verdade é o melhor partido do pedaço, que tenta ser apenas quem ele é e conseguiu a garota mais incrível, só que nem sabe o porque. Quem sabe eu ainda possa ter a chance de viver um de seus amores mais bonitos, pode ser um desses contraditórios, cheinhos de clichês românticos também, ou ainda quem sabe eu possa encontrar algum desses personagens que não se quebram, que saem de um amor para o outro realizando transações simples, e que me ajudassem bem nessa hora, como não sofrer. Porque vamos combinar que amor dói, e dói muito. Posso ainda encontrar alguém que me leve para um outro lugar, ou alguém que pudesse me dizer o por que que eu não tenho namorado.

Acho que tenho lido muito o Gabito. Seus personagens parecem tão reais quase sempre.

Apenas bons amigos

Você bateu na minha porta logo cedo de manhã, deixei-o entrar e sentar no meu lindo sofá vermelho, e eu ainda estava desajeitada, meio que dormindo - homem nenhum além de você é claro me veria assim. "_Não é nenhuma novidade que tenha chegado tão cedo aqui, você sempre aparece quando eu estou na cama, ou acordando ou pronta pra dormir, quem sabe esperando um convite para ir até o meu quarto, você é bem esperto. Hum... Brincadeiraaa! Somos amigos." Eu falei, como sempre. 

"_Eu quero ser mais do que amigo." Ele falou ainda sentado no meu sofá, reparando em cada peça de roupa minha, engolindo cada palavra em seguida.

"_Somos bons amigos e só. É que a nossa conversa se encaixa, nossas percepções de mundo, crenças e valores. Tô sempre rindo com você, sempre sendo gentil e retribuindo o seu afeto e amizade, mas daí a você confundir tudo com um "eu quero ser mais", é muito pra mim. Sem contar que eu nem acredito que está me fazendo um pedido desses enquanto eu me encontro no pior traje possível, como você pode me querer ainda assim. O convite para ir ao meu quarto foi de brincadeira, não era essa a intenção." E eu continuei rindo, segurei na mão dele e o puxei até a cozinha. "_Você não está falando sério comigo."

"_Comprei o livro que você tanto queria." Ele começava a ficar sério e vermelho ao mesmo tempo, e eu conhecia bem aquela situação. Meu Deus, era verdade, ele estava gostando de mim, como eu nunca percebi. Larguei a mão dele e segui em direção ao meu quarto, que ele conhecia tão bem, afinal, anos e anos de amizades e confidências e ele conhecia cada fragilidade minha e cada ponto forte, ele me tinha nas mãos. Mas a questão é que eu nunca tinha pensado nele desta maneira. Atração física nenhuma, interesse de mulher para homem, beijo na boca e essas coisas, pensando assim ele deixava de ser meu melhor amigo.

Eu aceitei o livro de presente, conversamos e ele me contou que guardava segredo há alguns anos. Nos afastamos como era esperado, pois eu não conseguiria amá-lo do mesmo jeito. Seríamos apenas bons amigos, se ele ainda quisesse. Mas o amor é orgulhoso, não aceita virar amizade, assim bem falou Fabrício Carpinejar.

Ele já não teria mais acesso ao meu quarto como antes, nem ao meu sofá vermelho, vamos confessar que seria realmente estranho. 

Dizem que essa coisa de amizade entre homem e mulher não existe. Eu acredito que pode existir, contanto que os dois guardem segredo.

Novelinha - Parte 2/2

Recomendo que leia "Novelinha - Parte 1/2"


(...) Eu estava muito confusa e a raiva de ontem estava voltando, porque, comecei a lembrar do motivo do início daquilo tudo e foi me dando mais raiva ainda do meu namorado - naquele momento ex-namorado, porque eu já tinha dado um ponto final na relação, só faltava comunicar a ele. Toquei a campainha do apartamento de cima, uma mulher de meia idade abre a porta, com um sorriso largo de verão. "_Em que posso ajudar você, mocinha." "_Eu queria falar com o Théo. Ele est..." Nem consegui terminar a frase e ele me aparece de toalha perguntando quem era. "_Mãe, pode deixar a Ana entrar. Você me espera aí, garota." Ele falou.

Entrei pensando na confusão que vai ser terminar o namoro de novo com o Márcio e o quanto ele vai dizer que não é certo, e vai querer justificar ter me deixado esperando e blá blá blá. Nesse meio tempo entre meus pensamentos e a realidade senti um aroma agradável - reconheci seu cheiro de ontem - , o Théo me aparece vestido com uma camisa xadrez, entreaberta, em seu peito uma corrente dourada com uma letra "T", provavelmente do seu nome - a essa altura eu esperava que fosse mesmo - , cabelos molhados, uma calça jeans, um sapato bonito, a barba por fazer, estava pronto pra sair. Não pensei muito e ele segurou na minha mão, deu tchau pra mãe dele que de algum cômodo da casa o respondeu: "Tudo bem, filho. Te espero pro jantar." Mas eram nove horas da manhã, quer dizer que ele não iria almoçar em casa, eu preciso ligar pro Márcio.

"_Precisa conversar comigo. Mas aqui em casa não é o lugar, posso te levar num lugar melhor, um lugarzinho bacana? É só um café. Aceita garota? Prometo te deixar livre na hora do almoço" Respondi com um aceno com a cabeça, sem palavra alguma, e ele parecia que lia meu pensamento, meus olhos. "_Você ainda parece confusa. Não se preocupe, tudo tem uma primeira vez e que bom que eu te reconheci entrando naquele lugar. Lá era horrível, se ficasse mais um pouco, talvez não saísse inteira." Vi seu sorriso torto e reconheci ele de novo. "_Eu tenho um namorado. Ou tinha... Depois de ontem não quero ver ele nem de longe." "_Eu sei, conheço o Márcio." "_Conhece?"

Fiquei em silêncio até entender de onde mais eu poderia conhecer o Théo, mas certamente eu nunca o tinha visto junto do Márcio. Então ele completou: "_Conheço ele só de vista, vejo ele do seu lado sempre e ele é amigo de uns colegas meus. Mas seja lá o que ele te fez, não poderia ter deixado você entrar naquele lugar. Ah... Meu nome é Théo. Acho que você já deve saber, ou quem sabe lembrou de ontem." "_É... Pois é, lembrei de ontem. Eu não estava tão mal assim." Senti a mentira descendo pela garganta arranhando, mas não queria me tornar uma boba logo agora que ele já estava entendendo o que aconteceu. Descemos até o hall em silêncio agora, entramos no carro dele - reconheci o cheiro do seu perfume quando chegou mais perto para abrir a porta - e seguimos até um bairro próximo.

Não sou de pegar caronas com estranhos mas, depois de ontem ele não era mais estranho, me ajudou, foi gentil, e o que eu tinha que fazer era apenas retribuir a ele com a minha companhia naquele café. Comemos alguma coisa, tomamos um café - e descobri que ele gosta do café exatamente como eu, puro e muito quente - conversamos sobre outras coisas e de repente, o assunto inevitável, "ontem".

"_Preciso primeiro te pedir desculpas e segundo te agradecer. Confesso que não identifiquei você logo, mas quando disse meu nome eu fiquei tranquila em reconhecer a sua voz." Mesmo sem saber quem ele era na hora. Lembrei enquanto fazia descer mais um gole de café. "_Imagina, eu faria por qualquer pessoa. Mas, depois que você abriu a porta, eu quero dizer que deixei você na cama como estava. Fechei a porta, mas não pude trancar né. Mas acho que nosso condomínio é um lugar seguro. Não aconteceu nada com você." Agora podemos rir disso, pela manhã quando acordei, não foi essa a sensação que tive - eu pensava ao mesmo tempo. "Agora posso dizer que é muito seguro morar no nosso condomínio." Eu disse.

Acho que nos entendemos, fiquei feliz em saber que ele foi cuidadoso comigo, mas eu tinha gora um outro assunto a resolver. "_Obrigada pelo café, Théo." "_Obrigada pela companhia, Ana. O Márcio é um rapaz de sorte." "_Ah... Sua namorada também tem muita sorte. Você é bem legal. Já o Márcio, a partir de hoje não terá mais" Ri e parei com os olhos nos seus, em seguida reparei mais uma vez na corrente dourada no pescoço... "_Não tenho ninguém. Acabei um relacionamento longo há pouco tempo." Ficamos em silêncio eu pedi desculpas quase feliz por isso. 

Ele fez questão de pagar a conta sozinho, entramos no carro e ele me deixou sã e salva no hall do condomínio - de novo - , depois voltou pro carro. Eu subi um pouco mais feliz, o papo foi bom, o café estava ótimo e agora eu precisava só resolver... Eu vinha pensando alto essas coisas, falando sozinha e quando cheguei na porta do meu apartamento o Márcio, aquele idiota que me deixou plantada no meio da rua ontem e me fez passar por tudo aquilo - parte daquilo era realmente bom, mas a outra parte não. Afinal eu estava apaixonada - ou pensava que sim. "Ana, me perdoe..." "_Eu não vou fazer isso de novo, por causa de você ontem eu..." Interrompi a fala, pensei comigo mesma que ele não precisava saber que eu sofri por causa dele de novo. Dei o fora, abri a porta do meu apartamento e entrei, sozinha. As vezes precisamos fazer coisas difíceis.

Passei o sábado em casa sozinha, não liguei pra amiga nenhuma, nem respondi mensagens. Tomei banho e lembrava do café, assisti dvd e lembrava do café, comia alguma coisa e lembrava do café, corria na esteira e só lembrava do café, de como foi tudo tão mais fácil hoje de manhã depois que o Théo segurou a minha mão e me levou até o melhor lugar e de tempos em tempos lembrava do fora, do Márcio e de tudo que acabou. Agora eu começo a refletir que o meu relacionamento com ele não era bem paixão, menos ainda amor - não mais - , estávamos acomodados um com o outro. Seis anos e meio, desde a adolescência eu era "o amor da vida dele", mas na verdade, dentro de mim ele não passava de uma companhia boa quando estávamos juntos, e quando não estávamos, era só o meu lado inseguro e acomodado quem o queria. Eu achava que mais ninguém pudesse me fazer sentir o que eu senti no início daquilo tudo, e também não sabia como o "grande amor da minha vida" tinha se tornado aquilo.

Eu estava agora emocionalmente separada, livre e desimpedida - ou pelo menos, tentando estar.

Já é domingo de manhã e agora que eu já arrumei tudo dentro de mim, depois de passar um dia inteiro pensando demais, resolvi acordar. Levantei da cama, tomei um banho, fiz aquele processo de sempre: Uma roupa melhor, um brilho nos lábios, perfume, rímel, sapatilha - amo sapatilhas - , cabelos presos como sempre, tomei coragem e fui. 

Apesar de ser domingo, como em dias atípicos acordei tão cedo. É que dormi demais ontem. Desci animadamente as escadas e cheguei até o hall de entrada - moro no primeiro andar então, não costumo aguardar o elevador - e decidida logo ao acordar, achei que deveria ir tomar um belo café da manhã num lugar especial, isso mesmo, fui até o tal bar-café. Demorei uns quinze minutos até chegar lá - não perdi muito do meu bom humor esperando a condução não - cheguei lá, escolhi o meu pedido e de repente alguém coloca a mão no meu ombro direito - Eu estava de costas para a entrada, não via quem chegava - , reconheci o cheiro dele, Théo. "_Agora você sabe meu esconderijo matinal. Minha mãe sempre me trouxe aqui, e agora não consigo mais deixar de vir todos os finai de semana, que chova ou que faça sol." "Não era a minha intenção desmascarar seu esconderijo." Rimos juntos, ele completou o seu cumprimento com um beijo no meu rosto.

Sentamos juntos, fizemos o mesmo pedido, contei para ele sobre o fim do meu relacionamento, pedi desculpas de novo pelo acontecido aquela outra noite, mas ele me pareceu fingir muito bem que não importava com nada mais daquilo. Saímos do café, ele estava de carro, me ofereceu uma carona, afinal... "_Moramos no mesmo condomínio" Repetimos juntos nessa hora e depois rimos até entrarmos no seu carro. Ele abriu a porta para mim, assim como da outra vez, me acomodei no banco da frente, olhei a minha esquerda e ele olhou pra mim. Nossos olhares se encontraram e o silêncio tomou conta, fiquei tímida, mas deixei que a sua mão fosse conduzida pela sua vontade ao segurar minha face, era um beijo em seguida. Depois daquele dia, nossos cafés da manhã aos sábados e domingos não seriam mais os mesmos.

E o Márcio? É que as vezes o amor acaba e... Bem, o Márcio não sabe onde fica esse bar-café até hoje. Agradeço a ele por aquele fora e aquele porre. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Novelinha - Parte 1/2

Não tive fôlego suficiente para ficar te esperando, ainda mais que já estava esfriando e ficar na porta do seu apartamento até o amanhecer não seria meu plano, a não ser que eu pudesse entrar nele. Não tive ar para me comportar como a-doce-menina-que-entende-todas-as-suas-manhas e desculpar seus deslizes infantis pela décima oitava vez - a "menina" não era eu? - fiquei chateada demais pra entender seu atraso estendido, que foi noite a dentro e o melhor, sem aviso prévio. Te esperei demais e as nuvens já cobrem o céu e todas as estrelas. Nem a noite bonita ficou pra te esperar.

Vai ver você tá num desses bares-café beijando mais uma garota, fingindo que eu não existo - pelo menos até a próxima cena da novela. Sim, porque a nossa história é uma daquelas novelinhas complicadas do tipo Malhação da Globo, que estende o caso do mocinho e da mocinha, onde eles vão e voltam, e no meio, sempre acontecem coisas inexplicavelmente bobas para separá-los. Tive raiva de tudo e saí por aí querendo não te encontrar. Pedi alguma coisa pra beber no primeiro bar que entrei.

"_Vai ver é só um dia ruim, garota." Alguém com uma mão estendida no meu ombro me falou, era um rapaz desconhecido com cara de conhecido, sorriso fácil e meio torto. Não identifiquei nem a voz e nem o rapaz, a essa altura da madrugada, eu já tinha bebido demais, mas ele bem sabia quem eu era. Disse meu nome e me prometeu deixar em casa, estava de carro ele dizia - é que tomei um porre daqueles que a gente esquece tudo e só lembra do lugar onde mora. Pois bem, ele me deixou em casa logo. Falava que aquele bar onde me encontrou não era lugar pra mim, que eu bebi demais, que estava sozinha, que nunca tinha me visto em tal estado e perguntou se eu precisava de ajuda pra subir. Não me lembro que tenha respondido, mas ele me segurou pela cintura assim mesmo e me levou até o meu apartamento.

Ao encaixar a chave na porta, ainda equilibrada pelas mãos do tal rapaz na minha cintura, olhei bem pra ele e comecei a me lembrar quem ele era, o meu vizinho de cima. Acho que depois de lembrar disso pedi desculpas pelo incômodo ou sei lá. Rimos os dois. 

"_Nunca te vi assim, o que aconteceu?" Ele proferia a pergunta enquanto eu conseguia abrir a porta com o pé direito. Quase caímos os dois. E depois de mais algumas risadas inevitáveis reparei no seu cheiro de banho tomado, no seu sorriso meio torto e nos seus olhos que eram castanhos - nunca tinha reparado bem. Que vergonha, eu pensava, enquanto reparava detalhes dele que em mais de um ano de vizinhança nunca tinha percebido, talvez porque estava apaixonada. E não é que agora deixei de estar, só que a bebedeira me fez esquecer disso naquele instante.

"_Sei lá. Resolvi beber e deu nisso. Nunca bebi na vida, esse é meu primeiro porre e pra nunca mais. Homem nenhum vai me fazer beber assim de novo, viu." Eu continuava a tentativa de diálogo dele com uma iniciante em porres. 

Mas logo nessa noite, ele foi me encontrar, nunca estivemos nos mesmos lugares, a não ser é claro no hall de entrada do condomínio, não estudamos na mesma faculdade, não temos amigos em comum - não que eu me lembre agora, ainda pendurada em seu ombro - , e que eu saiba ele não curte baladas e bebidas, somos parecidos. 

Mas eu só reparei nisso pela manhã, fazendo uma retrospectiva. Lembrei que tinha esquecido o que aconteceu depois que abri a porta do meu apartamento ontem. Pois é, só lembrei de tudo até aí. Não sei nem se ele me disse seu nome, se foi ele quem me deitou na cama e fechou a porta ou se eu consegui me equilibrar sozinha- Meu Deus, eu fechei a porta? - , eu nem troquei de roupa, preciso de um banho.

Com rubor na face, depois de conseguir me organizar, era manhã de sábado e resolvi ficar em casa. Não tinha muito o que fazer, tomar banho e tentar lembrar de ontem, assistir dvd e tentar lembra de ontem, comer alguma coisa e tentar lembrar de ontem, correr na esteira e tentar lembra de ontem - ou esquecer. Não conseguia me concentrar, como pode, logo eu que nunca bebi mais do que coca-cola gelada, como pude passar por aquela cena de ontem com sei lá quem, acho que ele não me disse o nome - espero que não - , tudo por causa de um namorado sem noção e uma bebedeira na hora errada.

Troquei de roupa, desci até o hall, ainda com cara de sono e falei com o porteiro. 
"_O nome dele é Théo. Um bom rapaz. Vi quando ele trouxe a senhora. A senhora está bem? Nunca tinha visto a senho..." 
"_Tudo bem Sr. Vítor. Era só isso que eu queria saber, estou bem, obrigada." Completei a frase humildemente agradecida pela preocupação do Sr. Vítor e subi rapidamente, mas daí desci de novo e perguntei se o tal rapaz já tinha saído, ele me disse que não.

Resolvi voltar ao meu apartamento, coloquei uma roupa melhor do que short e camiseta de malha, coloquei um brilho nos lábios, um pouco de perfume, um rímel de leve, uma sapatilha clara. Prendi os cabelos como sempre, tomei coragem e bati na porta do vizinho (...)


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quinta-feira, 22 de março de 2012

Recados

"Não guardo recados pra depois, porque daí o tempo passa e quando se viu, não foram entregues. Crio sempre coragem para escrever todos os meus recados nas páginas da sua vida."

Alguém me disse

"Para escrever é preciso predisposição poética."

quarta-feira, 21 de março de 2012

Escrever é como respirar...

Os outros não entendem que à noite é mais produtivo pra escrever, que enquanto eles silenciam, posso ouvir o barulho dentro de mim, posso me ouvir afinal. Bons lugares também são essenciais, como varandas, praias, cafés, lugares de muito silêncio, mas de energia boa. Lugares onde o barulho dos outros não chega a incomodar, mas serve como trilha, entende. Às vezes, silêncio absoluto, às vezes o ruído do mundo, algo apreciável e inspirador que impulsione a escrita de maneira natural. 

Não sei muito bem a fonte dessa vontade que me abarca e me abraça pra escrever, quando percebo, imagino textos, falas, lugares, cenas, imagino de maneira prévia o que vai ser escrito e muitas vezes já sabendo o final. O processo criativo nesses casos é contínuo, inclusive enquanto durmo - quando consigo chegar a cama realmente com sono, depois de muitas xícaras de café. 

Os outros, não entendem. Aqueles que não escrevem, não entendem a necessidade alheia de se estar acordado depois da meia-noite em alguns dias ou debruçado no computador por horas e horas. É que escrever é como respirar, é preciso - e é um vício.

terça-feira, 20 de março de 2012

Planos

"Faço planos reais e estou feliz em finalmente tirar aquela minha lista de final de ano da gaveta, e a colocar em prática. Porque fazer planos é como viver agora um pouco do melhor que ainda está por vir."

segunda-feira, 19 de março de 2012

"Ainda há tempo" (Criolo)

Criolo declama no programa "Esquenta", uma de suas músicas. Um texto lindo e que foi muito bem apresentado pelo próprio autor. Espero que ouçam até o fim e compreendam a mensagem por inteira.







Com todo o meu carinho àqueles que me leêm.
Att.


Ainda há tempo - [Criolo]

Cê quer saber, então vou te falar
Porque as pessoas sadias adoecem
Bem alimentadas ou não, porque perecem?
Tudo está guardado na mente
O que você quer nem sempre condiz com o que o outro sente
Eu tô falando é de atenção
Que dá colo ao coração e faz marmanjo chorar
Se faltar um simples sorriso
Ou às vezes um olhar
E que se vem da pessoa errada não conta
A amizade é importante 

Mas o amor escancara tanto
E o que te faz feliz também provoca a dor
A cadência do surdo no coro que se forjou
E aliás, cá pra nós, até o mar desandado
Dá um tempo na função quando percebe que é amado
E as pessoas se olham e não se falam
Se esbarram na rua e se maltratam
Usam a desculpa de que nem Cristo agradou
Falô, você vai querer mesmo se comparar com o Senhor?
 

domingo, 18 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sinta você

"Seja travessa, sinta-se culpada, corra perigo e se jogue do abismo, a vida é uma só, você é uma só e o seu sorriso ninguém pode dar por você. Se arrisque, se exponha, se aventure numa loucura, seja insensata, inconsequente, incoerente em algum instante, ouse, beije, agarre, amarre, provoque, prove. É isso que você precisa fazer, se soltar. Seja perigosa, se enrosque, procure, não pergunte, não olhe, perturbe, aja, seja, sinta você agora." 

Saudade é assim...


"Saudade não é esquecimento, pode ser lembrança, 
Saudade é saudade , não se traduz. 
Esquecimento é de uma só vez
Saudade é aos pedaços
E leva nossos pedaços
E nos deixa em pedaços"

Sem despedidas é melhor...

"Logo eu, que não gosto de despedidas, tenho que fazer isso. Não posso só juntar minhas coisas e sair? De cara na rua talvez eu esqueça o mundo aqui dentro de mim, e depois que a gente esquece não precisa mais se despedir. Vamos pular esta parte, eu te escrevo, você lê e fica tudo bem. Tudo bem. Sem choros, abraços e lembranças, só as minhas palavras num papel e o quarto sem mim quando você voltar." 
*Resposta ao post da Crispi: Despedida

quarta-feira, 14 de março de 2012

Chuva de verdades


"O tempo nos tornou estranhos... por um momento. 
Aos poucos fui reconhecendo teus olhos e teu carinho. 
A falta de caráter de outros, a tua insegurança e o nosso orgulho afastou-nos. 
Não sei como anda nossa amizade, o tempo nos tomou pra si.
Mas foi bom conversar com você, ouvir um "tá tudo bem".
Foi bom te abraçar e saber que a distância também te incomodava, foi bom esclarecer os fatos.
Julgamos, nos julgamos e fomos julgados. 
Quanta história foi criada, inventada.
Quanta criatividade alheia, não?
Não sei se a nossa amizade continuará como antes
Não sei se a nossa amizade continuará.
Só sei que sinto muito, e que você sente muito..
Depois do abraço demorado de despedida, 
Ao virarmos as costas, depois de uma chuva de verdades, o tempo nos tornou estranhos outra vez."

*Escrito em 21 de agosto de 2011

Sorri, sou Rei.

"A vida é uma caixinha de surpresas e eu, fui surpreendida com seu sorriso. Depois com todo o seu carinho no decorrer do tempo, como seu eu pudesse te tocar agora, mais ainda do que quando te abracei - vai ver é coisa minha - mas não me arrependi de ter voltado pra te encontrar, me arrependi de não ter ficado até o final daquela noite junto de você, ou de não ter chegado no começo de tudo pra ter vivido isso antes. Não sou de arrependimentos. Na lista de acontecimentos da minha vida sempre fiz o que quis e o que achei necessário, mas pela primeira vez me arrependi de alguma coisa, de ter adiado a minha ida até você. Mas é tudo como Deus quer e eu não mando em muita coisa, apesar de ter o poder de influenciar o meu destino, não controlo todas as forças. Mas não se preocupe, eu guardei mesmo o seu olhar curioso no meu, guardei mesmo o teu abraço espontâneo no meu corpo e a tua voz na minha memória e prometo não perder nenhum detalhe de agora por diante." 



domingo, 11 de março de 2012

Meu bem...


"Domingo é dia em que as mão se encontram num passeio à tarde e os pés se encontram à noite no sofá. É dia de cafuné, de carinho, de aconchego... Dá vontade disso tudo só de escrever, só de pensar. Meu bem. Fica bem e te cuida."

Frase

"Outro dia enquanto conversava com alguém, ele me disse: "Não espere o amor, vá ser feliz!!" e eu meio que entendi-sem-entender-muito-bem, porque na minha cabeça o amor e a felicidade são adjacentes. "

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sem desperdícios


Sabe aquele tipo de cara que te surpreende sempre que você chega perto, e que acha um desperdício que você esteja sozinha nesse mundo, e em plena sexta-feira sem ter com quem sair, que sabe que o mundo precisa conhecer você, que sabe que você precisa conhecer o mundo, garota...? 


É. Ele sabe que você é tudo isso e que está guardada demais - sabe-se lá por qual motivo - , e de certo modo escondida - , sabe-se lá por qual motivo - , na verdade o motivo não interessa, ele te acha boa demais, boa companhia, ele ri junto com você, ele te entende e acha o maior barato quando você o compara com aqueles personagens misteriosos e boêmios que usam chapéu, andam sorrindo e sendo charmosos nômades pela noite, nos livros que você lê. 



E sabe de uma coisa, começo a pensar naquela sua teoria de quê você tenha nascido no lugar que não deveria, porque todos os seus grandes amores são de tão longe, e você está sempre prestes a mandar o coração para a próxima estação de trem ou para o próximo embarque, sabe-se lá pra onde, enquanto ele está aqui, do teu lado, mora num bairro pertinho, tem amigos em comum a você - assim não é um completo desconhecido - e você pode ir numa festa e esbarrar com ele sem querer e continuar aquela conversa que você disse que foi tão bacana. 



Ah, garota. Não vem com essa de que a sorte não bate na tua porta, ela tá quase derrubando a tua porta, se arruma logo e sai, ele vai estar lá na festa te esperando, sabe... Vamos lá, se arruma que hoje é sexta-feira e eu não quero perder.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Claro e simples


"Toma um gole d’água, continua, rabisca, sorri" repetia em pensamento depois de ler as dicas, enquanto focava em como escrever melhor. Respirei fundo, e mais do que inspiração eu transpirei, até escrever algo apreciável. Julguei como "o melhor de mim" aquele artigo, depois de tê-lo lido por tantas e tantas vezes em voz alta, e fiz isso até baterem em minha porta. Imagina quem era? Você é claro.

Claro e simples."

Amiga...

"E o tempo corre implacável, mas encontro sempre a mão estendida, o abraço afetuoso e o sorriso de amizade, isso é confortante, saber que o tempo não consegue mudar certas coisas. Talvez ele mude sim, as direções mas nunca os laços dados, nunca separa os verdadeiros amigos de quem os têm, nem apaga as boas lembranças. Desejo toda a boa sorte do mundo pra você. Com carinho."

Frase

"As palavras não substituem nem criam sentimentos, mas elas não deixam de ter força por isso. São meus acessórios preferidos, uso com todo o carinho, do melhor jeito que dá." 

Tô nessa


Tô nessa de me esquivar pra te perder de vista de uma vez, sabe. Quero te deixar ir por livre e espontânea vontade nossa. É isso mesmo, quero que acabe esse amor, esse romance, esse relacionamento, esse caso, esse... enfim, esse meu temor de perder você todo dia por não saber por onde andam seus verdadeiros pensamentos, essa minha variável de "hoje-tô-bem" e "agora-não-tô-mais", essa inconstância dos nossos encontros difíceis de lidar, porque eu sempre quero mais do que você têm pra me oferecer, ou eu quero demais, ou você quer demais e eu não posso voar e aterrissar na sua varanda deixando o que eu demorei tanto pra construir e simplesmente ir, esse meu medo de acertar fazendo errado, ou de errar tentando fazer o certo. 

Tô nessa de trair meus desejos agora pra não ter que desmanchá-los depois de realizados, tô nessa de deixar a peteca cair agora pra não ter que abaixar depois e pegar na tua mão sabendo que era só uma brincadeira que não valia nada. Tô nessa de me proteger prevendo o caos, e a maledicência alheia sobre o nosso... É... O nosso qualquer coisa.

Vai, antes que eu mude de ideia e consiga definir o que temos aqui, não quero descobrir pra depois te perder, só quero me proteger.

terça-feira, 6 de março de 2012

Frase


‎"É por isso que eu escrevo, pra tentar entender a vida e suas loucuras.Como não vou entender nunca, vou escrever pra sempre."

Frase

"Todo poeta é um fotógrafo em potencial. Seu olhar relatando pormenores na tentativa de uma compreensão de sentimentos através das palavras. É exatamente isso que um fotógrafo faz, só que com imagens." 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Frase

"Gosto do que ainda não conheço, gosto de ir descobrindo, gosto de não entender para entender aos poucos."

domingo, 4 de março de 2012

Tríade

"Pra mim café é sinônimo de noite longa, produtiva - me refiro aos textos - e de muita saudade. Essa coisa toda é uma tríade perdoável, aceitável e uns poucos consomem como nós: café, palavras e saudades. Encaixam tão bem, que só de dizer, já soam como poesia. Vou me recolher agora, meu café bem quente me espera, minha saudade não aguenta e quer virar palavra."

sábado, 3 de março de 2012

Eu sei disso. Mas...

Destino, acaso, não sei bem ao certo como são regidos os encontros em parques de diversão ou em qualquer calçada dessa vida, mas sei que viver momentos mágicos assim, de conhecer alguém especial, sentir coisas em comum e compartilhar colos tem lá suas vantagens.

O nosso cérebro nos faz querer buscar a lógica dos fatos, sempre. Não se pode viver nada que não deva ser explicado depois e isso confunde as relações. Agora que passou já não importa mais (acho eu...) que saibamos se foi destino ou acaso. Acabou. E o que ficou foi o melhor de cada um em cada um. Viver sem querer entender é difícil, mas pra viver feliz as vezes a gente precisa ignorar certas coisas.


Eu... Sei disso, mas ainda não consegui esta façanha.



*Texto em resposta a postagem do Blog do João.

Dividindo para multiplicar

Era um sábado como outro, e enquanto eu me perdia nos meus versos você chegou com palavras reais de conforto e de carinho. Me tirou alguns sorrisos eu confesso, mas não pôde vê-los. Olhava para seus pés enquanto me falava, e eu os escondia quando podia, até que você percebeu e resolveu ficar pra dividir suas alegrias e multiplicar as minhas.

Eu não esperava que fossem bater na minha porta, já tinha me programado à jantar sozinha, depois escrever, tomar o café de sempre, ouvir a música de hoje e só, não esperava muito. Mas a sorte bateu na minha porta e veio cheia de sorrisos junto com você, que entre uma frase e outra, continuava a olhar para seus próprios pés querendo encontrar as palavras certas e o momento certo de entrar e sentar e dividir um café, uma música, um jantar e uma história comigo.

Espero que volte em outros sábados, em outros dias, outras vezes, quantas quiser, que volte e que me faça rir mais vezes e que se divida comigo.

Com carinho!
Att.

03 de março de 2012
M.G.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Meninas


Quer que eu fale de amor do modo mais bonito que eu puder, que escreva, que eu cante, que eu componha, que eu relate e que de todas as forma de arte eu me utilize pra tentar de explicar o que é? Não sei fazer isso, fecha os olhos e sente, é o que eu faço quando ele bate na minha porta, entra pelos poros, pela luz da menina dos olhos, cheiro, pele, poros, olhos, amor. Até pra sentir é preciso todos os sentidos atentos ou se perde. 


Não tenta entender, não me faz querer entender pra te explicar. Isso confunde a minha cabeça, bagunça minha alma e mexe com meu coração desequilibrando meu corpo pelo meio fio nas ruas da cidade. Tua idade já é confusa e isso também é confuso, não me faz pergunta difícil, porque a minha idade também é confusa nesse setor. Te preocupa com outras coisas, vai estudar, vai dançar, sair, tomar sorvete com as amigas e deixa essa coisa de amor pra quando crescer e puder fazer escolhas e textos mais sensatos que os meus aos dezoito anos. Paquera, flerta, conhece, beija, mas não me pergunta o que é isso que tá fazendo teu coração disparar agora, eu não sei meu bem. Só sei que quando for amor você vai saber, vai sentir e não vai me perguntar.



Meninas já nascem com esse sexto sentido pra descobrir algumas coisas da vida e uma delas é a de saber quando o amor chegar. A gente só não aprendeu ainda a identificar quando vai ser pra sempre e quando não vai ser. Mas isso já é assunto pra outra conversa, pra quando você crescer.

Não fica aí falando. É sexta-feira, meu bem.

É sexta-feira à noite, meu bem. E sextas-feiras à noite sempre são as mais esperadas, todo mundo tem um programa legal pra fazer, alguém pra encontrar, algum lugar pra sair e o que você faz aqui na minha porta agora, a essa hora? Vai festejar com teus amigos - ou amigas, como queira. Já me deu o fora e eu já ouvi o suficiente, vai curtir tua sexta-feira e me deixa em paz. Deixa eu me guardar, me recuperar. Prometo que não vou desistir de amar depois disso, se é esse o seu tal medo que me confessou ontem. Vou sobreviver depois de você, não se martirize. Escolhemos o amor no lugar da amizade eterna e perdemos feio a nossa aposta, agora você não tem mais permissões pra entrar no meu quarto e mexer nas minhas coisas de maneira neutra, agora você é ex, e ex será ex eternamente. 

Não fica aí me dizendo que sente muito, que gosta de mim mas que "amar, amar" nunca chegou a acontecer, porque isso dói ainda mais do que o silêncio da rua depois que você vai embora dobrando a esquina, não continua as tuas frases prontas que você sempre me dizia quando eu levava um fora e corria pros teus braços de amigo leal, não força a respiração, não muda o tom de voz, não faz isso de novo. Vai embora. Quero que saia da minha frente, que saia de dentro de mim como entrou, bem devagar e sem rastros exatos, afinal é sexta-feira e nas sextas-feiras todo mundo tem um lugar mais bacana do que o meu quarto pra badalar. Não fica aí falando, é sexta-feira meu bem.Vai embora.

Sozinha, não!

"Basta uma pontinha sequer de esperança e tudo desmorona. É como se eu tentasse construir uma casa e toda vez caísse uma tempestade e acontecesse um vendaval suficiente para pôr tudo abaixo. Esforço, palavras, sentimentos, um coração destroçado e eu achando tudo isso inaceitável. Mas é a sua escolha, sua vida, não posso amar por nós dois, não posso construir sozinha, não devo e nem quero."