quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pôr-do-sol


"Não te evito. É que tu faz aquela pose, com uma cara de 'tô-nem-aí-pro-mundo-e-só-quero-ver-o-pôr-do-sol' e fica mais bonito de propósito enquanto o sol se põe do outro lado da margem e o dia termina no reflexo dos seus óculos escuros. A noite chega pontual às seis, os tons de azul se misturam no céu e o negro da noite alcança seu auge. 

Não te evito, assim como não se pode evitar que
 o dia se vá, que a terra faça seu movimento de rotação e provoque o nascer de mais um dia, só pra depois se pôr no espelho dos teus olhos mais uma vez.

Os nossos dias e nossas noites se dividem, são eventos que nos posicionam no mesmo lugar. Olho pro céu e sei que estamos sob o mesmo teto infinito do universo.
-

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Algo


‎"Há algo que faz parte da sua essência, algo que não se apaga, não se dilui, não se desfaz nem com o tempo nem com o vento, algo que eu só vou buscar em você, algo que pode ser transformado, que pode evoluir, mas sumir, jamais. 

Algo que o torna peculiar, que me faz voltar pra te encontrar, sempre como se fosse a primeira vez.."
-

Frase

‎"O exercício da escrita leva-me ao aprimoramento. E que eu chegue lá, mas que não me acomode, quero ter tempo de aprender para todo o sempre. Ainda que saiba muito, nunca sabe-se tudo."
-

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Só um bocadinho de tristeza


Sem um bocadinho de tristeza não se faz nem samba, nem textos, digo por conhecimento de causa, mas o poeta antes cantou por mim. Quando triste, escreve-se mais, mas as alegrias também costumam ser inspiradoras. Aliás, qualquer momento é só uma desculpa para se fazer, basta um café, um vento no rosto, umas folhas em branco e uma caneta, escreve-se sobre qualquer coisa. Só procuramos desculpas pra justificar, mas escritor é sempre escritor, a qualquer oscilação de seus sentimentos.


Fiquem com Maria Bethânia e a poesia de Vinícius de Moraes.
-
#BoaNoite
-

♩♫♭♪♩

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Tá na cara

"Ela falava sem parar, não tinha vírgula em seus pensamentos e em nenhum momento passou pela sua cabeça que eu não quisesse saber o que estava acontecendo com ela ou com o Dom. Em alguns instantes parecia apenas aquele tipo de mulher que fala pelos cotovelos e faz amizade facilmente com pessoas estranhas, mas em outros instantes ela parecia apenas ter sido enviada para me enraivecer e lembrar que o Dom existe – como seu pudesse esquecer - e ainda perambula por aí, que corro o risco de encontrar com ele nas esquinas da cidade, mesmo que ele tenha se mudado para São Paulo ou sei lá pra onde. Definitivamente eu não queria pensar nele, ainda que minha face demonstrasse o contrário, como o Lugi percebeu. 
Ah, o Lugi interrompeu a garota falante, me abraçou e por fim deu-me sua benção. 
Eu só queria um café e acabei tendo uma enxurrada de lembranças, talvez isso me faça escrever, pensei."

Por fora

"Depois de tanto andar em círculos, dentro de mim mesma, resolvi parar. “Amor é um só” diz a minha avó, num telefonema rápido e que de nada me consola.

Mas acredito que há pessoas especiais a todo o momento e em todo lugar, pessoas que podem ser fascinantes ainda que cheias de defeitos e suspenses, e que a nossa história com um começo desastrosamente lindo, com um meio recheado de alegrias e com um final gradativamente falido, possa ser superada.

(...)
Não tinha muito o que fazer a não ser virar a página. Comecei por fora, pelo nosso apartamento, que a cada passo me faria lembrar você pelo resto da vida se nada eu fizesse. Os móveis tinham histórias pra contar de como chegaram ali, como as brigas sobre onde colocar o sofá vermelho de camurça ou em qual parede pendurar o quadro com pintura abstrata que você comprou de um homem na rua. Eu tirava os móveis do lugar, agora tudo em silêncio, de canto de boca saíam sorrisos mínimos junto com essas memórias, mas depois eu sentia o frio do chão nos meus pés descalços e tornava a lembrar de que tudo aquilo eram retalhos de um passado bom.

(...)
Mas amor é isso, nos deve revigorar quando começam e quando terminam, quando sai e a gente precisa trocar os móveis, trocar de roupa e ser feliz por fora enquanto nos restauramos e nos trocamos por dentro. Nada que dure pouco, mas também nada de fato impossível, quem sabe até amor seja mais que um e minha avó errou no recado."
-

Ironia do destino

"(...) Nos conhecemos por ironia do destino – aprendi com ele a usar essa expressão, o que nos dá certo poder de sorte, sem deixar a vontade de Deus de fora dessa. (...)"
-

sábado, 17 de novembro de 2012

Só isso


Ele:
_Me deixou beijá-la assim tão fácil.

Ela:
_Não é que eu não goste do seu corpo ou do seu beijo, só não gosto do seu caráter, por isso terminamos. Superficialmente você é até muito bom, mas é só isso."
-

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Imprevisibilidade

“Temperamental e imprevisível. 

A imprevisibilidade de comportamento faz parte do ser humano - apesar das tendências de condutas individuais. Não costumo me assustar com essas coisas, mas com a ausência disso, ausência de excitação, ausência de sensibilidade, indiferença, banalidade. 

Quando tudo vira qualquer coisa, ou quando não vira nada. Isso me assusta.”

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Rápido

Roteiros breves são mais gostosos de escrever, mais intensos, mais rápidos e rasteiros.
As vezes fazem sentido. As vezes não.

Início de conversa

Eu, ali, observando os receptivos desconhecidos ao meu redor. Todos confraternizando, conhecidos uns dos outros, de velhas épocas, de outros bares, lugares, sei lá. Fui a convite de um amigo que me fez companhia até o primeiro gole de cerveja, depois me deixou solta e eu que me virasse pra conhecer alguém - se quisesse. E daí alguém me convidou para uma conversa. Me pagou uma bebida, aceitei com um sorriso e ele seguiu o papo e me passou o copo. Alguns assuntos depois:

_Como assim você não tem namorado? Não acredito.

É a reação mais esperada.

_Pois é, também não sei. Talvez os homens tenham medo de mim.

_Você não me parece indefesa, mas também não me parece tão perigosa assim.

_De fato não sou boba, mas também não costumo ser ameaçadora...

Sozinha


Essa coisa de ficar sozinha, de sentir a solidão a fundo não é nenhuma novidade pra mim. Depois do estouro que foi as nossas declarações de amor, o declínio seria o destino. Não é que não acredite no sucesso promissor dos romances declarados, mas você não foi tão convincente assim depois das primeiras desculpas esfarrapadas – já esperava depois delas, não acreditar nas próximas.

Empresário publicitário, quase trinta, escritor, descolado, independente, popular e eu dividia você com os cigarros, as cervejas, seus negócios, seus acessos de criatividade e todos os seus amigos igualmente alternativos e isso não era de todo mal, só não conseguíamos ficar sozinhos em lugar algum da cidade, a não ser que nos escondêssemos, era o que fazíamos. E nessas horas era bom, “amor adolescente aos quase trinta”, era isso o que você sentia, pelo menos era o que dizia extasiado depois de tanto correr e me beijar ao mesmo tempo, procurando lacunas nas ruas e bares da cidade onde ninguém pudesse nos enxergar.

Mas uma hora eu tive que procurar esses lugares sozinha, quando comecei a sair sem você e as pessoas faziam a mesma pergunta, querendo descobrir onde estava.

Eu também queria saber onde estava, mas ninguém sabia que eu não sabia. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sorrisos fáceis


"Vocês provocam sorrisos fáceis, despertam o bem estar, atraem pessoas como ímãs, trazem um olhar seguro, empatia, simpatia, abraços aconchegantes, trazem sempre uma conversa agradável e inteligente, são atenciosos, cuidadosos, gentis e tudo isso sem perceber, afinal, a humildade lhes é uma característica peculiar.”

Aos interessados e mais chegados, muito obrigada! Vocês me provocam sorrisos fáceis.
-

domingo, 11 de novembro de 2012

Um beijo


"Um beijo muda o sentido das coisas, a intenção do olhar, o percorrer da mão, a malícia no sorriso e no timbre da voz, provoca intimidade. Depois do beijo a gente fala mais de perto e qualquer gesto insinua a um código secreto, a fala tem duplo sentido, os pés se encontram na mesma proporção em que as mãos se topam. Um beijo é sempre o começo."
-

sábado, 10 de novembro de 2012

Cena - 2

"Fiquei na ponta dos pés pra alcançar tua boca, tuas mãos envolvendo minha cintura e eu me entreguei, dizendo que tinha ido até lá só pra te ver, depois te ouvi dizer "eu já sabia".

Marrento, malandro, bonito, charmoso, pretensioso e convencido, não resisto as suas qualidades nem aos seus defeitos.

A melhor parte foi ao chegar em casa e ainda sentir o cheiro do teu corpo na minha roupa e o sabor da tua boca na minha. Te trouxe comigo sem perceber."
_
10.11.2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Inspiração


Inspiração: Estado da alma quando influenciada por uma potência sobrenatural: inspiração divina.
-


Talvez eu tenha algo inspirador para esta noite, assim como das outras vezes, breve, fugaz. Quimera, essa coisa toda de você ficar de verdade e em definitivo depois de tudo, tuas curtas aparições, não menos intensas me inquietam até o amanhecer de todas os dias que seguem até você voltar. Sonho nossas repetições, repito nossas canções e sinto você decorar cada parte do meu corpo, deslizes da minha sobriedade algumas noites após nosso último encontro.


Vontade de sair por ai, mas vejo casais por todos os lados, completamente enamorados e fingidos. Parecem se amar - tudo mentira - , amor vulgar, detesto essa coisa de casais por ai que não seja nós dois, que fingem se amar mais do que eu e você. Mas não há outro caminho de volta pra casa, tenho que enfrentá-los, todos e enfrentá-los é não ter você aqui.


Reproduzo as tuas aparições no meu quarto dentro dos meus sonhos agora e a solidão me ocupa e eu tento reverter, respiro o mesmo ar, a pele arrepia e eu te sinto chegar. Não me engano. É você. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Comentário rápido


"Fingir que não vejo nunca funciona. Vejo tudo e fico querendo comentar, dizer qual o melhor ângulo do teu corpo nas fotografias. Diria que são todos."

O expresso de sempre


   Estou em plena sexta-feira de um belíssimo e ensolarado feriado, diante do computador, tentando escrever alguma coisa - 7 de setembro e nada de independência para mim.

   Tenho três artigos para entregar (...).

   Resolvi então sair um pouco. Deixei o notebook ligado em cima da mesinha, com uma página do Word em branco aberta e decidi pôr a cara no mundo. Olhei antes pela janela e as ruas pareciam daquelas cidades fantasmas de filmes de faroeste, nenhuma pessoa na calçada como de costume - grandes cidades costumam ser menos atraentes nos feriados, perdem feio para os litorais e se não fosse por um motivo de força maior, eu também não me renderia assim tão fácil ao limite de visão da janela do meu “apê”, mas eu tinha um compromisso e deveria cumpri-lo. Talvez um bom café me ajudasse a organizar as ideias e terminar logo com isso, ir até o outro quarteirão não seria uma viagem exatamente, eu voltaria logo.

   Tomei um banho rápido, peguei um vestido floral de alças finas no guarda-roupa, uma sapatilha de cor vermelha e uma gargantilha de ouro que ganhei da minha mãe no meu último aniversário, minha bolsa de mão feita em tecido, um batom cor de boca e já me senti pronta para enfrentar o mundo deserto e ensolarado fora daqui – algum tempo atrás e tudo isso seria coisa de mulherzinha, sempre fui tão básica e agora me preocupava em estar comportada e feminina, tudo fazia parte dessa nova fase.

   Já fora de casa eu me sentia vigiada apesar do silêncio das ruas, o vento parecia mais forte, sem obstáculos e avistei uns pouquíssimos transeuntes no bairro. Alguns acenos dos vizinhos pelas janelas e eu já percebia que não estava tão sozinha, outros sem-opção como eu, também teriam que ficar em casa, cada um por seus devidos motivos de força maior ou por vontade mesmo.

   Um bom café, num ambiente que não fosse a minha sala de estar, iria me animar. Fui caminhando, até algumas quadras de distância, onde tinha um bar-café famoso do bairro. Lá costuma ser movimentado nas quartas-feiras, quando funciona o karaokê para pessoas sem noção, em seguida shows com música ao vivo de bandas sérias locais. Nos feriados e nos finais de semana também aparece muita gente, mas o dono abre o estabelecimento todos os dias, mesmo que não entre ninguém.

   Era pouco mais do que 16 horas quando cheguei lá, conheço o lugar desde quando fui morar no bairro há alguns anos, é o único estabelecimento da cidade em que eu posso entrar e ficar a vontade porque todo mundo já me conhece e já tirou fotos comigo em algum momento do grande sucesso do livro.

   Entro lá e lembro de quando eu e o Dom resolvemos juntar nossos sonhos e nossos corpos num único apartamento. Foi ele quem decidiu onde iríamos morar, só por causa da proximidade com o Bar-Café do Lugi, que ele conheceu primeiro – sempre desbravador o Dom. Ele me apresentou ao dono, e lembro que rimos como dois adolescentes enquanto cantávamos no karaokê algum clássico da música popular brasileira que ele adorava – nunca fui muito de música antes de ele me apresentar a sua eclética coleção de discos e me fazer apaixonar por ela, depois me ensinar a tocar violão e gaita. Por coincidência, ao entrar no estabelecimento hoje, Elis Regina cantava alguma coisa para me recepcionar, de cara Sr Lugi acenou para mim, surpreso. Outras pessoas no lugar me reconheceriam quando ele me chamasse pelo nome com um sorriso enorme:

   _Melissa! Venha garota, você é a estrela do bairro, tem lugar especial no meu café. O expresso de sempre?

domingo, 4 de novembro de 2012

'IN', e não 'OUT'


"Parece que esse amor é só o que me pertence agora. Eu disse só? Mas como, se isso é tudo o que eu tenho, é a minha essência. 

Amor é 'in' e não 'out', algum amigo atento me alertou, e isso é constatado. 

O amor floresce aqui dentro de mim antes de ser teu, transcede as distâncias antes de te alcançar, ultrapassa o tempo antes de ser firme no teu peito, enxerga além dos olhos, um olhar. E só depois disso te pertence.

Amor é sempre de dentro pra fora, é presente dado, nunca exigido. Amor é sempre 'in' e não 'out'."
-