sábado, 27 de outubro de 2012

Inefável


"Com a tua discrição, as coisas ficam mais charmosas, os teus mimos de fim de noite, tuas frases nada comerciais, teus atos sorrateiros, singelos e doces sem deixar de ser viril. Sei lá, essas coisas que eu acho que tu faz de propósito e só depois fico sabendo que foi sem querer, daí eu acho que fica ainda mais bonito. 

Aquele sorriso causador de vontades, inadvertido, teu natural e eu sabendo o quão inefável e inesperado você consegue ser, tento desarranjá-lo em palavras. Uma tarefa infindável."

Um dia todo mundo se vai


Hoje passaram por mim recordações de quem se foi, do meu avô. Lembrei do seu último olhar, as últimas risadas assistindo um filme no canal de tv à cabo, já no hospital, os últimos conselhos e recados, o último abraço. 

Deu saudades dos tempos de criança quando ia me buscar na escola, quando ficava preocupado se eu chegasse tarde demais ou quando ficava curioso em saber quem eram meus amigos. Quando ria dos comerciais engraçados, assistindo novela, quando reclamava porque tinha que ir comprar o pão e muitas outras situações cotidianas. Dá uma saudade mas a gente sabe que um dia todo mundo se vai, é assim que é.

O bom é ter recordações pra guardar e memória pra pra lembrar de tudo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A vida dá seu jeito


“Espetáculos sem importância depois viram marcos na história de alguém. Circunstâncias sem explicações imediatas surpreendem dias depois, provocando sorrisos largos e longos, tornando o ser benevolente diante das situações dessa vida.

Nada é por casualidade e nem precisa ter motivo, mas que bonito seria se tudo soubesse, mas que encanto teria os mistérios dos teus olhos negros então? Não, não me conte o que poupam pra depois os nossos acasos ou os nossos destinos.

As certezas podem intimidar mais do que as dúvidas ou tanto quanto, viver é não ter certezas absolutas jamais. A vida dá seu jeito e se explica por si mesma, enquanto atuamos no nosso espetáculo particular.”

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fundamental

‎"E quem foi que disse que barba não é fundamental, por menor que seja? Uma costeleta, um cavanhaque, só não admito bigode solitário. Esse acho velho, sem sentido, mas barbas completas, cavanhaques cheios de atitude e costeletas de personalidade, isso sim faz um bem danado aos olhos e ao pescoço sensível de uma mulher. Homem: Faça amor, não faça a barba." 

A gente dança


‎"Deixa os cabelos à deriva dos ventos que vem de algum lugar, morde o lábio inferior, escorrega um sorriso, fecha os olhos, abre os braços, deixa surgir a imagem dos teus desejos maiores, guardados para as grandes noites, para uma noite como essa que se faz, aqui e agora. Sem medo algum, anda a passos mais largos, segura minha mão, me faço teu guia pelas ruas desconhecidas da cidade alta e se chover a gente dança."
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Segura


"Ela solta graciosidades por onde passam seus passos, tão solta, tão leve, tão boba, tão ela. 

Segura, se segura ou ela te leva, te eleva, se eleva e de tão leve flutua, segura de si, na terra ou na lua, faz poesia de ti. 

Segura, ela procura o caminho, encontra, se aninha em teu peito, seu ninho, sem perder sua leveza, te afronta. 

Os seus olhos seguram, agora segura, ela dança no palco, seu corpo, um salto, pra ser feliz.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Atrasado


"Parece óbvio você aqui na minha porta, fazendo cena, dando uma de retardatário arrependido. Errar é humano e permanecer no erro é burrice, você já deve ter conhecido esse ditado, então, qual a parte que você não entendeu quando eu disse 'tô fora'? Errei até ontem, meu erro virou lição - tarde demais. 

Não pego mais carona atrasada, eu fui sem você, sei como se faz quando esquecem
 os compromissos importantes, como o dia da formatura da sua garota por exemplo. 

Os olhos negros mais doces quando pedem desculpas são os seus, nunca resisto por muito tempo e você sabe meus pontos fracos, então é melhor você não se gastar falando muito, teu repertório eu já conheço, nada de novidade por aqui. Ah, minha porta não é estacionamento, pode ir."
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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Se pudesse

Se pudesse escolher jamais escolheria ser?
Se pudesse voltar, voltaria por outro lugar?
Se pudesse sentir, sentiria menos?
Se pudesse escolher, não escolheria mais?

Seria quem não é agora?
Seria outra por dentro e por fora?
Mas não pôde?

Não se escolhe ser quem é
Vai vivendo e vendo
Vai escolhendo
Voltando
Sentindo
Fazendo
Virando você

Sem saber se poderia ser outro se outra coisa fizesse
Sem saber se poderia ser outro se outra escolha fizesse
Sem saber se poderia outro caminho ser melhor, se em outro caminhasse

Jamais saber como é NÃO ser quem sou
Ser fria, sem açúcar, sem amor
Jamais saber

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ao teu encontro


"Ao teu encontro é sempre o melhor caminho.
É o caminho agora,
Demora,
Mas chega,
Sem pressa,
Sem essa de deixar pra lá,
De esquecer ou desfazer,
De  não se fazer lembrar
Seguir a diante numa constante
Até que os nossos olhos se revejam,
Se reconheçam e então se abracem,
Até que os nossos corpos se enlacem
E eu te mereça."

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Não sei quase nada

"Senti isso mais forte ontem, sob o olhar de alguém que estava próximo e parecia tão curioso sobre mim, questionador, querendo entender até onde meus pensamentos, meu conhecimento e minha inteligência poderiam chegar - poucos seriam tão ousados num primeiro contato, mas eu gosto de desafios -, quase que me testando.

Descobri então que sei tão pouco e fico feliz por isso e ele também ficou feliz com isso. Poderia me contar com entusiasmo sobre alguma coisa a qual conhecia por menores e que pouco interessasse a outras pessoas, menos curiosas e menos atenciosas que eu. Mas o não-saber é o que move os meus dias, me instiga, me inquieta, me faz sempre à procura e eu só sei que nada sei e que eu parei pra te ouvir falar de um mundo distante do meu. Interessante.

Eu posso ficar ai do teu lado, ouvindo sobre as coisas as quais você tem propriedade, maestrando pequenas aulas sobre o que eu ainda não sei e nem sabia que existia. Saber que nada sei só me mostra que eu ainda preciso viver muito pra sair desse mundo satisfeita, por ter aprendido tudo o que desconhecia, tudo o que precisava e podia.

Obrigada à você por me abrir os olhos, agora... pode prosseguir sobre as suas referências daquele escritor argentino que você falava."
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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ele não mora na minha rua

"Não nos conhecemos desde criança, nunca brincamos juntos, já nos conhecemos quase adultos, cheios de responsabilidade, diante do vestibular de nossas vidas, escolhendo o que deveríamos fazer para sempre. Na nossa sala, certamente não éramos nem cogitados a ser melhores amigos, trocávamos uma conversa ou outra, uma folha de caderno, um livro, uma questão de física e no fim, alguma outra coisa que não uma dessas, nos conectou. Agora trocamos pormenores de nossas vidas, segredos, desejos, deslizes e o melhor de tudo é não saber onde e como isso se deu.


Amigo que fica por querer, que cuida por gostar, que pergunta pra saber por onde vai e como está. Ele não mora na minha rua, ele não me conhece desde que nasci, mas sabe mais do que qualquer outra pessoa que esteja por perto, reconhece meus sinais de tristeza ou alegria, me manda mensagens no meio da noite ou do dia, assim, sem datas comemorativas comerciais em vigor ou muito menos por obrigação, mas por carinho.
Ele não mora na minha rua, mas é como se fosse.”

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02 de outubro de 2012
Texto dedicado.