"Na mesma festa, no mesmo espaço, mesmos amigos, mesmo copo, a gente dividia a bebida e isso foi o mais perto que eu consegui chegar da tua boca a noite inteira. Podia ter deixado a hora adiantar um pouco mais, seguir com você pra outra comemoração, aceitar tua carona, sei lá, mas você me chamou de melhor amiga na frente de todo mundo, me deu um abraço de irmão e um beijo na testa. Beijos na testa denunciam a falta do seu desejo e agora somos só amigos numa festa, se divertindo e ouvindo música eletrônica, não dá pra raciocinar muita coisa no meio dessa barulheira toda, mas eu bem percebi tua cautela em colocar a mão na minha cintura, mas dividir o copo de vodca com refrigerante pode.
Somos íntimos, mas não muito, somos próximos, mas não demais, somos amigos e é só isso.
Guardar os sentimentos quando se está perto demais é tão difícil, negar quando você me oferece a sua bebida é tão difícil, aceitar o seu beijo num gesto fraterno e inocente é tão difícil, quando o que eu quero de verdade e de todo o coração é que você me tome pelo braço, me arranque daquele lugar e me leve até onde ninguém precise nos perguntar se somos namorados ou não.
Mas então eu volto o pensamento pra festa, estou na porta, saindo, me despedindo de você, que já se vê com uma garota ruiva pendurada no pescoço, falando coisas que vai fazê-lo cair fácil nos braços dela. Você dá seu último gole na bebida e some no meio de toda aquela gente pra dançar agarrado a tal garota.
Eu sempre saio antes da festa começar."
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