Os nossos gostos musicais não combinam agora, nem o nosso estilo, nem o nosso jeito de pensar ou de andar, somos tão diferentes e eu ainda não consegui identificar em você nada suficientemente atraente para te dar um mole agora. Tão capaz de se mostrar complacente mesmo se eu disser não, vai me dizer que espera a chuva passar.
Me esperou sentado na calçada da rua da minha casa, na volta, depois da noite de cerveja no bar da esquina. Eu tinha ido só acompanhar solitariamente uns amigos e arrumei uma companhia dessas, tipo você, selecionado a dedo pelo destino. Até pouco tempo eu torceria para que um tipo desses se aproximasse pra me dizer que vale a pena arriscar bem alto e pular de olhos fechados num mundo desconhecido, pra aprender mais dessa vida, mas não tô a fim de arriscar muito agora e a gente não tem afinidade. Quando me disseram coisas sobre o amor, ouvi que é importante que os casais sejam parecidos. Já é um bom começo e nós não somos um bom começo.
E também eu tô fragilizada pelos romances desastrosos de ontem e muito ocupada pra pensar em relacionamento sério - ou só de brincadeira - nesse momento.
_Eu aceito ser ser o seu relacionamento sério só de brincadeira, outra hora. Agora, eu só quero te conhecer, garota. Melhor. De perto.
De repente vejo minhas afirmações atiradas ao alto e os seus pés juntos aos meus e a sua vontade de me beijar. Deixei. Lembrei de outro dia quando beijei alguém e fui dormir bem melhor.
O típico garoto nada a ver que fez da minha noite um final feliz. Aos poucos fui me recompondo, sem precisar de formalidades. Depois de um tempo, já saíamos juntos quando dava vontade, ríamos juntos quando nos encontrávamos, nossos amigos estavam sempre juntos e eu... Já pensava que tínhamos agora um relacionamento, e que já estava virando um relacionamento sério de brincadeira, e que o próximo passo seria ficar sério demais. Gostei de perceber isso.
Quando menos esperei, o vi naquela calçada na porta da minha casa mais uma vez e com o mesmo sentimento que o meu, de que tudo estava mesmo ficando sério. Usava o All Star preto e aquela camisa xadrez por cima da sua camiseta branca preferida escrito "I Love NY", com o seu melhor jeans e a sua bolsa surrada, que aguentou dois anos de faculdade, me dizendo que agora queria que tudo fosse sério, mas que continuasse assim, cheio de brincadeira.
_Ah. Você me entende.
Ele fechou a frase com o sorriso mais lindo do mundo e todas as minhas teorias sobre o amor, caíram por água abaixo. Amor não é matemática, nem número, nem fórmula, amor é ser surpreendido, amor é o desconhecido, amor é sempre o oposto do que a gente pensa, e ele *sempre vai mudar as regras pra gente nunca aprender a jogar.
P.S: * Parafraseando Fabrício Carpinejar
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